Findo
No frio de Abril
Falsa baixa temperatura
Policiais forjando proteção
Bêbados com meio corpo na sarjeta.
Duas e duas da madrugada
Gatos galgando carvalhos
E solitários gélidos canos postos
Em desesperadas quentes bocas
De verdes folhas orvalho brota
Rebocadas paredes sodomizadas por brocas.
A paisagem da favela
A imaginética do mendigo
O balido do carneiro laranja
O cricrilar do grilo louco e manco.
O Tudo e o Nada fundidos
Numa mesma tinta
Amalgamados numa mesma
Demão de fúcsia vermelho e branco.
O agente parasitário no corpo do hospedeiro
Às seis da manhã
Às quatro da tarde
Numa marquise
Numa esquina
De cimento liso queimado
De asfalto saltado rachado.
Não importa o Espaço
Quando é o Tempo
Que é compreendido
E desentendido
E difundido
Congelado
Dolorido
Sofrido
Fodido
Lindo
Findo.
23/08/2011 - 02h02m