Findo

No frio de Abril

Falsa baixa temperatura

Policiais forjando proteção

Bêbados com meio corpo na sarjeta.

Duas e duas da madrugada

Gatos galgando carvalhos

E solitários gélidos canos postos

Em desesperadas quentes bocas

De verdes folhas orvalho brota

Rebocadas paredes sodomizadas por brocas.

A paisagem da favela

A imaginética do mendigo

O balido do carneiro laranja

O cricrilar do grilo louco e manco.

O Tudo e o Nada fundidos

Numa mesma tinta

Amalgamados numa mesma

Demão de fúcsia vermelho e branco.

O agente parasitário no corpo do hospedeiro

Às seis da manhã

Às quatro da tarde

Numa marquise

Numa esquina

De cimento liso queimado

De asfalto saltado rachado.

Não importa o Espaço

Quando é o Tempo

Que é compreendido

E desentendido

E difundido

Congelado

Dolorido

Sofrido

Fodido

Lindo

Findo.

23/08/2011 - 02h02m

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 23/08/2011
Código do texto: T3176565
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