Lição de Retorno

Mergulhado no esquecimento,

Espreito um segundo de falha:

Vivo um renascer...

As esperanças se renovam

A cada estocada do destino,

A cada sonho putrefato...

Eu, que já perdi quem sou,

Rastejando entre veredas escuras,

Vertendo venosos licores...

Agora, não mais adianta as lágrimas;

Sou fruto de todo falso obséquio,

De todo decoro inútil e perverso,

De todo sangue escuro e vil

Àquilo que é puritanismo estou cego...

Deixa que a chama da verdade

Cubra-nos o senso limitado.

Cura-te da hipocrisia anã.

Dá-te mais que moral vã.

Neste pequeno mundo debilitado:

Joguemos-nos à vida...

(2003)