Eu quis navegar... pela Internet.
Lá não tem águas claras ou escuras;
Lá tem vários tons de cores:
Lá vi o vermelho do medo.
E porquê estou com medo?
Seja o que for que virá trará dores
O medo me vem pela falta de escudo
Da fé, da paciência, da tolerância.
De repente a tela fica negra.
Tomei um belo susto! Por quê?
O negro lembra a escuridão
Que traz muita angústia! E medo
Pela solidão, pela exaustão
De lutar em vão, de sofrer.
Eu quis navegar pela Internet.
Mas deparei com o roxo, com o lilás
Tive medo que elas me cuspissem
A minha falta de domínio, e fugi,
Com medo de saber
O que não quero saber...
E preferi ficar com a dúvida
Se seria capaz do equilíbrio.
Na viajem encontrei o verde.
Tão vivo, tão alegre,
E tão forte, tão claro:
Veio à lembrança as incertezas,
E a própria intolerância comigo.
Fugi, apavorada com o medo
De não atentar para esse medo.
Mas a falta de carinho.,. a carência
Pôs-me em contato com o rosa.
E lá da Internet, no meio do medo;
Fechei os olhos do corpo
E vi que sou e valho a pena,
Mesmo morrendo de medo...
E diante desse meu medo a cor branca...
Outro susto ela me deu!
E mesmo apavorada me defendi
Gritei, tão alto que o medo se assustou
E, desconfiada de mim, também se defendeu;
Estava já me acalmando...
Surgiu o azul escuro na tela.
O medo me bloqueou e emudeci
E nem sei mais o que sou.
Só sou um enorme medo...
E o laranja no horizonte da imagem surgiu.
O peso desse medo me fez ilógica,
As culpas são meus medos mais fortes;
Por isso tenho muito medo da injustiça;
O sentimento de amor não basta;
E passo a julgar, a condenar, por defesa.
Saí correndo, querendo me libertar e...
Encontro o azul- claro, me esperando
Feliz! Lépido, aquoso, transparente!
Sinto o medo confundindo tudo ...
O medo me impede se ser livre.
Querendo deixar de fugir, cansada de medo
Me vejo diante da cor cinza.
Na ânsia de me evitar,
Calei, me encolhi, me esqueci
Não me mostrei, me escondi na concha...
Querendo evitar o perigo de me encontrar.
Mas minha mente medrosa
Tudo engaveta, tudo mistura,
Com tanto medo é normal
A reação impulsiva, conflitando com todos;
O medo da reação alheia aparece
Na cor firme do amarelo e busco a paz...
E tenho medo também da Paz...
De mim me apossando de todos...
Amarelei de medo e sai às pressas.
Deixei a Internet e fui até à janela.
Encontrei o amarelo do Sol se pondo,
Todas as cores no céu ... colorido...
Analisei os dois lagos de cores...
Eles, coloridos bailavam na minha frente,
Rindo, felizes, presos ao solo etéreo...
Meu próprio ser, medroso, dançava,
Rodopiava, o chão fugiu de mim.
Como enfrentar esse medo e mudar,
Aperfeiçoar essa pessoa que sou
Repleta de medo, de cores, de Internet!


São Paulo, 05 de janeiro de 2006.