Rosa dos ventos

Rasguei o peito infante

No seu olhar diamante

Perdi meu brio, denso vazio

E em propenso instante

Precipitado em águas caudalosas

Correntes nebulosas de devir

Tão subjetivo e complexo

Tão simples, como ir e vir

Nada foi mais insano

Do que levar a alma pra fora de mim

Nada causou mais dano

Do que viver por dentro de ti

Esquecido da fugacidade das palavras não-ditas

Inebriado pelas desgraças eruditas

Tão solenemente só

Veementemente desconexo

De um dado tempo

De uma dada pessoa

Minha rosa dos ventos

Tão doce, tão feroz

Levou-me de forma atroz

De uma só vez

Do paraíso ao inferno

Dos campos Elíseos ao Tártaro