Meu poema antigo
Soubesse eu, escreveria um dia,
lembrando coisas, um poema antigo.
Desses que a gente fala de cidades,
da natureza, de um amor, do mar...
Diria eu por certo, a todo mundo,
caso soubesse, de um viver passado,
cheio de glórias ou quem sabe angústias
mas seria lindo meu poema antigo.
Soubesse eu, escreveria um dia,
lembranças puras de uma velha casa
que, de tão ida por bons tempos, findos,
estampava em si, um resto de saudade.
Meu pai brincava, fazendo brinquedos,
minha mãe cantava sempre o ‘’Farolito‘’.
Que pretensão, fazer um poema antigo ...
isso faz tão pouco... a vida nem passou ...
Ainda ouço o som de um violino,
num fim-de-tarde, quase anoitecer.
Meu pai tocando e eu, pequeno, ouvindo
a nitidez das notas arranhadas.
Ah ! ... se eu soubesse, escreveria um dia,
sobre esta infância que trago comigo.
Sou tão criança ao lado de meu filho,
que crescemos juntos nossa vida nova.
Pudesse eu, escreveria um dia,
sem as lembranças de uma infância pobre,
sem a casa velha dos bons tempos, findos
e sem saudade ... meu poema antigo.