CANTOS DE DAMNED (9)

IX.

Não há melancolia nessas lápides, orvalho apenas

e a palidez do mármore paciente, odiosas datas

olhares pesarosos que não me comovem quando passo,

olhares cegos de anjos previsíveis e vazios.

Pertenço mesmo a esse lugar e a seus tantos silêncios,

minha moldura existencial na manhã de novembro.

O azul fere a severa tessitura ao firmamento em cinza

líquido, oblíquo, obsceno insulto impessoal aos que ficam.

Regar com lágrimas a grama é kitsch, há mais tormentas

pelo caminho interminável dessas horas de granito –

não chorarei e os anjos todos sabem desde sempre :

isso não pede esforço algum, simples assim.

Damned
Enviado por Damned em 22/08/2011
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