CANTOS DE DAMNED (9)
IX.
Não há melancolia nessas lápides, orvalho apenas
e a palidez do mármore paciente, odiosas datas
olhares pesarosos que não me comovem quando passo,
olhares cegos de anjos previsíveis e vazios.
Pertenço mesmo a esse lugar e a seus tantos silêncios,
minha moldura existencial na manhã de novembro.
O azul fere a severa tessitura ao firmamento em cinza
líquido, oblíquo, obsceno insulto impessoal aos que ficam.
Regar com lágrimas a grama é kitsch, há mais tormentas
pelo caminho interminável dessas horas de granito –
não chorarei e os anjos todos sabem desde sempre :
isso não pede esforço algum, simples assim.