O NÃO-AMADO
Para o que não se ama
impossível elevadores
só há degraus e vertigem.
Este, o mais necessário,
o não-amado,
nos aguarda
no último andar
do incomensurável edifício.
É imprescindível alcançá-lo.
Só na face do reverso
revela-se a face
do amor mais alto.
O não-amado
é todo asperezas.
Para ele reservemos
nossas melhores carícias.
Amar o não-amado
é possuir com clareza
o espaço da nossa dúvida
é ter nas mãos, cristalina,
nossa verdade mais lúcida.
Republicação na manhã de 22 de agosto de 2011.