CANTOS DE DAMNED (10)
X.
Deposito uma flor sobre o granito –
a dor que se insinua é sufocada.
Lâminas de aço inoxidável sonham
enredos das artérias palpitantes.
Despisto a lua cheia – há uma alameda
que fala ao coração, sombria e morta.
Passar despercebida pois o amor
fareja o desespero dessas horas.
As sombras são disformes, quentes, líquidas –
a textura das culpas descartáveis.
Tentar um verso ou dois mais tarde à luz
dum velho poste em rua de subúrbio :
resquícios duma noite que agoniza
deselegante e suja, sem requintes.