A morte nossa de cada dia
Às vezes saímos da cama
sem saber o que fazer da vida,
das divídas,
dúvidas,
dor de dente,
de cabeça,
de garganta.
Quase todo mundo
já abriu a janela
pensando em pular,
mas graças a Deus
existem os passarinhos,
que tiram nossos olhos do abismo,
levando nossas mágoas para o céu.
A vida para e continua
em seu seu torvelinho de contradições:
Pálidos homens, eternamente sufocados
por papéis e gravatas,
princesas cor de neve
enfeitam a alma da cidade
junto a folhagem outonal.
Sirenes, buzinas,
ambulâncias, carros de polícia,
trajetórias findam e começam
todo santo dia.
Pessoas correm com medo,
com raiva,
atrás do tempo,
de si,
da sorte,
da vida que escorre
até a morte.
Thiago Cardoso Sepriano