Tudo impróprio

Não há escadas, porém sobram degraus

Trabalhadores suam na corda bamba

Os chefes expiam pelas fechadas persianas

E jogam seus baralhos fartos de Ais de Paus

Entre as coisas atropeladas

Carroças e naves espaciais

As vidas que deslizam nas chuvas

Os homens fumando meteoritos

Crianças entre os dejetos

Os sonhos em detritos

A fome no final da feira

A disputa da xepa

Mega ambulatórios

Consultórios pra que tipos de males

Sanidade de que tipo de amor

O uso de tudo impróprio

O desgaste das vistas

As mãos desbastadas

Os lenços umedecidos

Das esperanças definhadas

Metas revisam nadas

Enquanto não se chega

Ao lugar que dizem ser algum

O nenhum nos apaga

Lopes Neto
Enviado por Lopes Neto em 21/08/2011
Reeditado em 29/08/2011
Código do texto: T3174266
Classificação de conteúdo: seguro