Míséria!
Tenho visto os meus versos
definharem-se , decadentes
já não falam de amor..
são pragmáticos, são clínicos
são cínicos só guardam rancor
meus versos são miseráveis...
não tem sementes, não trazem flor
Deturpam o que é inocência
E ateístas, fazem da ciência
a consciência que restou..
Desgraça!
Meus versos são desgraçadamente frios
incompetentes, coniventes com as exigências
e vão perdendo seus valores, sabores
as cores dão lugar a opacidade
revelam minha alma quase incolor
Contida, não se faz mais tempestade
nem furacão, nem me empurra
aos mares das minhas paixões
frieza é minha companhia.
Não rego mais as plantas da janela
pra não ver o sol surgir...
Como elas eu morro lentamente
em minhas miseráveis frases
escolhidas à dedo.
Cristina Rangel.