A força da Hora

A hora emerge silenciosa,
Trazendo as atividades diárias
Repletas de sons, tons, luzes...
Mas traz também a escuridão da luz,
Sons repletos de silêncio cortante;
Da voz da alma abençoando,
E às vezes maldizendo...
Tons tristes da luz que escurece,
Da alma que entristece
Da alma que adoece
A hora que era tardia, e feneceu...
Se faz presente com toda a sua força;
Sua presença esmaga os sentimentos
Que poderiam satisfazer a carne
Cedente, sedenta de prazeres;
Essa hora mordaz
Não repara em quanto sofrer causa
Essa hora com sua força cruel
Que não deixa esquecer a partida.
Não destrói a força da despedida;
E, essa hora ingrata que tira a
Esperança de todos que lutam
No lado escuro da vida...
A força da hora não permite
Apagar o olhar mortiço
Da despedida e a lembrança
Ainda que fugaz da vida de lá.
A força da luta,
A força da vida,
A força da resistência
Contra tudo e que podemos mudar.
Essa força que nos faz
Ser amigo do inimigo;
Ter a paz na guerra
Lutar contra a impaciência
A intolerância alheia e a própria;
Força de vontade é o nome
Pois a vontade vem agora.
Agora é a hora de ter força para vencer.
Hora de pedir ao dono do Universo
Que tenha misericórdia de nós.
A hora é agora...
A hora de ter coragem para pedir perdão
Hora de ter força para amar de qualquer jeito
De qualquer maneira, qualquer pessoa,
Ser animal, vegetal, ou mineral.
É agora a hora que temos de nos encontrar
Com nossa própria hora interna, nossa alma...
Não podemos desperdiçar tanta força...


São Paulo,
11 de janeiro de 2006.