DOIS SALTOS...

I

De um salto

uma certa moça,

esperançada

Foi para o sul

Com sua cara limpa

olhar curioso

coração esperançoso

calos nos pés.

Zona aberta/ zona certa

Cidade grande no centro

A moça estremeceu

O verde esfumaçado

Ar com cheiro acre

Praça dos ramos.

Pronta para tudo,

parou,

olhou para alguém

sentou.

II

Os cabelos bonitos

Os cheiros (osos)

A cor diferente

Da cara das moças

olhavam para ela

pobre mocinha

pronta para ser devorada.

Suas companheiras de chão

olhavam para os moços

sorriam

ganhavam um sorriso

e com eles se iam.

III

A fome resolveu

e dispensou o raciocínio

e o pudor.

Sua cara limpa pintou-se

nesse frenesi,

moça sentada no chão,

olhando as moças

enquecendo de andar descalça

De vestidinho de chita

dos cabelos despenteados

de gostar do sol

da vida

do verde

A vida nasceu agora.

IV

Hoje, zona sul / cara pintada

cara sofrida

de exploração

o homem-cidade oprime

e engana

com suas promessas...

... A cara limpa volta, às vezes,

no dois de novembro

com astúcia e fingimento,

quando ela encena

por uma moça

que vai visitar o túmulo

da família que não tem.

Ivonete Frasson
Enviado por Ivonete Frasson em 21/08/2011
Código do texto: T3173646
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