DOIS SALTOS...
I
De um salto
uma certa moça,
esperançada
Foi para o sul
Com sua cara limpa
olhar curioso
coração esperançoso
calos nos pés.
Zona aberta/ zona certa
Cidade grande no centro
A moça estremeceu
O verde esfumaçado
Ar com cheiro acre
Praça dos ramos.
Pronta para tudo,
parou,
olhou para alguém
sentou.
II
Os cabelos bonitos
Os cheiros (osos)
A cor diferente
Da cara das moças
olhavam para ela
pobre mocinha
pronta para ser devorada.
Suas companheiras de chão
olhavam para os moços
sorriam
ganhavam um sorriso
e com eles se iam.
III
A fome resolveu
e dispensou o raciocínio
e o pudor.
Sua cara limpa pintou-se
nesse frenesi,
moça sentada no chão,
olhando as moças
enquecendo de andar descalça
De vestidinho de chita
dos cabelos despenteados
de gostar do sol
da vida
do verde
A vida nasceu agora.
IV
Hoje, zona sul / cara pintada
cara sofrida
de exploração
o homem-cidade oprime
e engana
com suas promessas...
... A cara limpa volta, às vezes,
no dois de novembro
com astúcia e fingimento,
quando ela encena
por uma moça
que vai visitar o túmulo
da família que não tem.