Quando é sincero
Minha voz
É guerra
Sem arma
Salve a linguagem
Das letras minhas
Vamos juntas
De mãos dadas
Lavando nossos
Pertences
Palavras demais
Podem omitir e mentir
Não comigo
Não eU
As minhas
Guardam mistérios
Quem nem todo
Ouvido
Pode escutar
Nem todo
Olho nu
Pode avistar
eU não escrevo
Para agradar
Às vezes
Minhas letras
Vazam lá do outro lado
Ardendo
Queimando
Como o dom
Do fogo é capaz
De tocar
eU
Mergulhada
Como se fosse
Um leão marinho
Banhando a lagoa
Aqui desse lado
Movimentando
O fogo que me
Corta por dentro
Sem cegar
A voz
Sem ofuscar
O olhar pedreira
Por onde passo
É clarão
Até nas águas calmas
Da mãe cachoeira
Ou
Nas águas salgadas
Do velho mar
Hora arrebentação
Hora calmaria
Hoje,
Ninguém mais
Fecha as janelas
Do meU olhar
Confio no deserto
Dos meUs olhos
Mais que tudo
Sempre pensando
Em seguir em frente
Mesmo sem saber
Aonde o destino
Vai dar
Mansa, morna e doce
Vaso o marrom
Da menina que
Guia os meUs olhos
Um bom olhar
Para meditar:
O horizonte
Sempre me atraiu
Meu exigente chamar
É onde eU gosto
De me expressar.