PALAVRAS INÓSPITAS

Evito falar desta dor que me aflige,

porque me resta apenas

essa linguagem inóspita

que lembra animais de caça

que em sua beleza

surgem em meus devaneios,

trespassam minha carne frágil

e alcançam minha alma.

Reconheço a solidão,

o vazio do silencio,

a insônia dessas noites quentes

a provocar palavras colaterais,

palavras frias, feridas de morte,

controvertidas quando se defrontam

com o que eu quero,

ainda que haja certo encantamento

com a profusão de rimas

onde a tinta toma posse

e dá brilho as palavras.

Aonde esta o rio sereno de sua voz

para apagar tudo que escrevi?

Por que a semântica

está confrontando a gramática?

Parece que estou brincado de juntar palavras,

não há uma narração viva...

Elas só são vivas quando falo de você...