A CAMINHO DA FESTA

Caminhei por vários dias

Os mais longos dos caminhos

Corri trilhas pedregosas

Passei as noites sozinho

Nadei rios caudalosos

Subi e desci ladeiras

Escalei altas montanhas

Escorreguei nas barreiras

Tive mais dificuldade

Atravessando espinheiros

Pontiagudos, perfurantes

Mas sai quase inteiro

Comi quando encontrava

As migalhas pelo chão

Bebi gotas de orvalho

Perdi-me na imensidão

Mas de nada adiantou

Pois não cheguei a tempo:

A festa já acabou

Não encontrei meu alento

As roupas esfarrapadas

Sapatos rotos, com lama

E o cheiro que exalava

Não atrairia uma dama

Enxuguei a minha testa

Com dorso da mão direita

Abanei-me com o chapéu

Que tinha na mão esquerda

Prá que tanto sacrifício,

Que julguei realizar?

Estava tão confiante

Será que tive azar?

De longe só vislumbrei

Todos já se despedindo

Alguns em grupos, outros sós

Iam lá à frente saindo

Pelos caminhos da vida

Agora mais devagar

Já tinham o que queriam

Restava continuar

Nas lutas da vida terrena

Tem os fortes e têm os fracos

Tem aqueles que desistem

Tem os que lutam de fato

Em qual deles me enquadro

Não sei ainda discernir

Mas vivendo o dia a dia

Vou procurar descobrir

Muitas vezes as descobertas

Vem de modo inesperado

Outras vêm com muito esforço

Às espessas de cuidado...

Quem sabe da próxima vez...

Serei bem mais previdente,

Sairei de casa mais cedo

Nada deixarei pendente

Não precisarei estragar

As roupas e os sapatos

Pelos caminhos da vida

Serei prudente de fato

Chegarei à festa a tempo

Dela poder desfrutar

Para ter o que preciso

E só então... Continuar

Franz Znarf
Enviado por Franz Znarf em 20/08/2011
Código do texto: T3172298
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