Ciático
Tenho medo
de perder de vista
o ponto de partida
e só enxergar a saída
sem chance pro recomeço
tenho medo do tropeço
tanta pedra, tanta poça
e eu caminhando sozinha
tomando banho de chuva
com minha alma tão nua...
tenho medo dessa lua
que mingua, que enche, que cresce
e desaparece tão nova
de mim quando insisto
em mim quando existo
na farsa, na farpa, no espinho...
tenho medo do corte
do vermelho desse vinho
do gosto dessa vertigem
no medo de ficar forte...
e correr em disparada
criar garras, criar asas
beijar a boca do sol...
e no momento exato
o medo da dor
no nervo ciático.
Tenho medo do estático.