Lúgreme
Lúgrume
Utópica solidão envolve-me
Se povoado estar meu ser
Por sentimentos que escravizam
Minha felicidade
Distantes estão meus sonhos
Navegando em mares alheios...
Quero-os de volta!
Minha terra não fertiliza
O orvalho da paixão deixou de regar-me o corpo
E a libido já não habita meus impulsos
Saudades de meus tremores
De meus sussurros... Meus amores
Esquecida estou, no estéril solo
De minha realidade
Ventos que vergam minha altivez
E testam minha determinação
No prosseguir vivendo
Assim... Insípida língua
Perdi o paladar para o amor
Lamento escuto, vindos das entranhas do meu sexo
Mais os mesmos se perdem
Em meio às sons funestos
De minha angústia e pesar
Dividida encontro-me entre
Presente e passado...
Tão igual o sofrer
Diferente o enfrentar... Socorrer-me desaprendi
A única certeza é a cor assumida no agora
O ébano total... Infernal escuridão
Fugiu-me a luminescência dos olhos
Obscuro meu presente desponta
E o âmago de minha solidão
Sucumbi à procela
E nela, meus sonhos se esfacelam...
Pueris se afastam
Meus púrpuros sorrisos
O carmim da paixão
Já não colore meus lábios
E meu beijo já não desperta desejos
Perdi o foco...
Bússola sem sul
Desbotou-me o azul