Ponto de ruptura…

Quando todos se transformam em nada

Recordo uma velha frase perdida no tempo

“A loucura da loucura

Está em ser secretamente razão”

Mas encontro a fé

Encontro a salvação

Numa outra frase

“Na natureza nada se perde

Tudo se transforma”

E relembro

Que para algo acontecer

Mesmo que tudo fique na mesma

Há sempre um

Ponto de ruptura…

Os rostos mudam

Com assustadora frequência

Tudo muda

Ou talvez não

Tudo parece de facto mudar

Mudam as atitudes

Mas fica tudo no mesmo lugar…

E no entanto

Os rostos que nos olham na chuva

Olham-nos de maneira estranha

De maneira diferente

E teimo em não entender esses olhares

Andando estou no mesmo espaço infinito

No espaço eterno

Que se situa algures

Num ponto indefinido

Entre a terra

E o mar

Mas os rostos disformes

Olham-nos em silêncio

Não há forma de os perceber

Rostos que é suposto

Serem-nos familiar

Mas de familiar apenas

As suas feições exteriores

Dado que em mais nada me revejo

Percebo então

E tenho de abandonar uma certa candura

Percebo então que é chegada a hora

De mais um

Ponto de ruptura…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 18/08/2011
Código do texto: T3166672
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