Ponto de ruptura…
Quando todos se transformam em nada
Recordo uma velha frase perdida no tempo
“A loucura da loucura
Está em ser secretamente razão”
Mas encontro a fé
Encontro a salvação
Numa outra frase
“Na natureza nada se perde
Tudo se transforma”
E relembro
Que para algo acontecer
Mesmo que tudo fique na mesma
Há sempre um
Ponto de ruptura…
Os rostos mudam
Com assustadora frequência
Tudo muda
Ou talvez não
Tudo parece de facto mudar
Mudam as atitudes
Mas fica tudo no mesmo lugar…
E no entanto
Os rostos que nos olham na chuva
Olham-nos de maneira estranha
De maneira diferente
E teimo em não entender esses olhares
Andando estou no mesmo espaço infinito
No espaço eterno
Que se situa algures
Num ponto indefinido
Entre a terra
E o mar
Mas os rostos disformes
Olham-nos em silêncio
Não há forma de os perceber
Rostos que é suposto
Serem-nos familiar
Mas de familiar apenas
As suas feições exteriores
Dado que em mais nada me revejo
Percebo então
E tenho de abandonar uma certa candura
Percebo então que é chegada a hora
De mais um
Ponto de ruptura…