A Dor que Sinto

A dor que sinto não atinge um órgão específico

Antes atinge a todos ao mesmo tempo

Às vezes é uma dor causada por feridas passadas

Outras vezes essa dor não tem causa aparente

Outras vezes ainda, tem causas ilusórias, mas dói insuportavelmente

Tento encontrar remédios para aplacar esta dor

Uma boa conversa causa alívio momentâneo

Algumas doses de cerveja a torna mais forte no dia seguinte

Ler provoca um conforto rápido

Rezar não consigo

O sexo alivia toda a tensão e cansaço

Mas é impotente contra essa dor que sinto

Escrever uma poesia é que causa um alivio mais duradouro

Mas a fonte deste remédio não é profunda e a dor volta

Seus sintomas são tão diversos que nem sei mais o que é normal

Sinto uma melancolia profunda

Um desamor absurdo, letargia completa

Timidez sem parâmetros, neurose avassaladora

Ódio incomparável, auto-desprezo incomum

E o pior de todos os sintomas: a loucura

Que me faz pensar que posso transformar todo esse desatino eu poesia.

Não sei se há cura para esta dor descabida, mas se ela existe esta entre

Viver de amor, doses intermináveis de carinhos e afagos

Abraços fraternos, alimentar a alma com bons presságios

Dizer e ouvir “eu te amo” pelo menos três vezes ao dia

Beber na melhor fonte da poesia no estilo Neruda e Pessoa

Devorar avidamente a essência da melhor prosa no estilo Machado e Saramago

E por fim, repousar numa rede à sombra de uma mangueira nos braços da pessoa amada.

Taciturno Calado
Enviado por Taciturno Calado em 17/08/2011
Reeditado em 18/08/2011
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