Auto retrato

Meu apogeu agora é decadência

sou perfume de aroma sem essência

meus delírios de outrora estão sóbrios

meus poemas entre as linhas versos óbvios

Análogo a um burro de tão teimoso

fazendo as vezes de um mentiroso

procuro ajuda num dicionário

ao insistir nas letras sinto-me um otário

Pinto em cores odiosas meu diário

confissões de um homem solitário

e num labor banal e copioso

faço o auto retrato desse ser horroroso

Nem reparo no retrato o semblante

a figura de tão desinteressante

faz errante a atenção que se torna...

cada vez mais fria, não esquenta nem amorna

Demá
Enviado por Demá em 12/12/2006
Reeditado em 13/12/2006
Código do texto: T316541
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