Auto retrato
Meu apogeu agora é decadência
sou perfume de aroma sem essência
meus delírios de outrora estão sóbrios
meus poemas entre as linhas versos óbvios
Análogo a um burro de tão teimoso
fazendo as vezes de um mentiroso
procuro ajuda num dicionário
ao insistir nas letras sinto-me um otário
Pinto em cores odiosas meu diário
confissões de um homem solitário
e num labor banal e copioso
faço o auto retrato desse ser horroroso
Nem reparo no retrato o semblante
a figura de tão desinteressante
faz errante a atenção que se torna...
cada vez mais fria, não esquenta nem amorna