DA ENTREGA

O amor quando se anuncia

traz sinais de imolação.

Suplicia a alma

atada por um fio

no meio do turbilhão.

Quem se dispõe a amar

pressente o vazio de si.

O amor quando se assenta

traz consigo um grilhão.

Renuncia a calma,

revolteia o rio,

submete à escravidão.

Quem se dispõe a amar

consente o vazio de si.

O amor quando acontece

reclama a capitulação.

Oferece a palma

a quem sossega,

cabalmente pio,

numa total rendição.

Quem se dispõe a amar

persente a total entrega de si.

Lina Meirelles

Rio, 16.08.11