Sobre "Um Homem de Opinião"

Não fosse a minha dificuldade de expressão,

não fossem estes sentimentos subjacentes,

estes pensamentos desconexos, eu gritaria ao mundo,

que tive o melhor pai do mundo.

Eu escreveria o mais belo poema de gratidão e respeito ao meu pai.

O título seria: O sensível homem de aço.

Eu escreveria um romance, cujo protagonista –

meu pai, seria um herói corajoso, forte, honrado...

Seria a história real de sua vida. O título seria: O homem cerne de aroeira.

Eu construiria um monumento que legasse à posteridade seu porte altivo,

do homem que enfrentou as grandes lutas corajosamente.

Eu colocaria, neste monumento, uma placa com a inscrição:

“Arregaçar as mangas. Enfrentar de unhas e dentes”.

Por ser essa a postura que meu pai sempre teve no trabalho... Na vida.

Eu escreveria a mais comovente crônica, narrando aquela inesquecível última noite;

quando seus olhos... Ah! Nunca me esquecerei seus olhos...

Me falavam tantas coisas e, tristemente, não as pude entender.

Fico a me perguntar, oh! Meu pai: no seu momento extremo, fui o apoio certo?

Falei às palavras que gostaria de ouvir?

Sinto-me com a sensação de que deveria ter feito mais...

Perdoe-me, pai.

Saiba que nunca o esquecerei e que lhe serei grato eternamente.

Manoel de Almeida
Enviado por Manoel de Almeida em 16/08/2011
Reeditado em 15/05/2012
Código do texto: T3162584
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