VerSos vaGabuNdos.

Fui deixando rastros

Aonde os passos vão

Nos cantos escuros

Em prédios

Ruas

Ar

Rios

E chão

Perdendo o medo

Com pés descalços

Sem nenhuma

Grande má

Atenção

Sangrando reis

Transpondo leis

Solidificando céus...

Fui embriagando-me

Fitando os olhos teus

Ferindo outros

Gritando outros

Fugindo outros

Em copos

Quase transbordados

De líquidos doces

Vinhos baratos

Numa qualquer rima

Qualquer sina

Sem quereres próprio

Felicidades,

Vida...

E fui descalços

Sendo

Um

Solitário

Poeta

Particular

Teu.

Negaste-me!

Negaste-me

Como óleo nega a água

Como o corpo nega a alma

Como me neguei

A ti.

Negaste-me de peito cheio

Com uma voz doce

Um olhar labirinto

Um hálito que nem sei...

Negaste-me

Sem saliva alguma

Por dedos falantes

Afiados

Loucos pelo sangue do servo:

- Eu!

Palavras

São espadas afiadas

Flexas que penetram

Qualquer superfície dura

Qualquer peito aberto

Qualquer coração desnudo

Escudo vagabundo

Armadura poderosa...

Feri-me em tuas palavras.

Sangrei a tal ponto

Dos olhos perdidos

Fracos

Boca seca

Vazio, vazio.

E jurei não mais te compor

Te pintar

Com minhas cores

Meus métodos

Obsoletos,

Negados também pelo tempo.

Jurei não te criar

Numa nova canção

Numa nova rima...

Ah! Menina

Se tu soubesses

O quão fraco

São minhas promessas

E o quão grande

É o meu desejo por ti,

Esse desejo

Que foge a meus dedos

Ao traço da caneta

Aos erros da língua.

Das palavras que não tenho

Todas me dizem teu nome

Todas quero aprender.

E se te nego

Que novos versos nascem

Ao distante te fitar,

Minto!

E se te juro

Que não mais te fitarei,

Minto!

E se a me ver

Não te olho

Não procuro

Não escrevo...

- finjo!

Finjo na maior

E mais perfeita cara-de-pau

Do mundo.

E estes novos versos,

Tão vagabundos

São pra te dizer

Que morro agora,

Em silêncio

Por querer-te

Ai,

E na óbvia

Dor de não te ter,

Que minha alma

Goze o gosto doce

De te mirar

E te repintar

Na nova foto:

Tenho todos os elementos

Ao alcance

Das mãos!