o poeta na casa de 100 anos
há, poema triste e escuro
feito a nuvem em tarde-noite
anunciando a chuva que vem
demorada e lugubre , lavando a vida
que passa na varanda da casa vazia
de uma vida que passou
és tu companheiro amigo da velice
unico e triste companheiro de tantas pegadas
passadas, apagadas, repisadas, levadas pelo ventos
desfeitas em poeira, dentro da casa de 100 anos
não me faltes amigo poema, mesmo triste
e até escuro, não me faltes, porque assim
é que retiro de debaixo da inimiga terra
aquela que amei, e sua arvore e suas flores e seus vestidos brocados
com seus sapatos de cetim, suas faces da cor das maçãs
me fitando a muito tempo , dentro de um tempo que
nos é dado , para viver e poetar.
se tu o amor que me faz ressurgir o que sobrou do amor
de uma vida inteira passada na velha casa de 100 anos
e como se fosse a fonte da criação, me leva pra junto dos meus
invocando o som das melodias harmoniosas de palavras de amor
conjurando o começo meio e fim de todas as coisas em todos
os dias de toda a minha vida na velha casa de 100 anos
há poema , que não me abandones , e não morras,
e não sejas uma recompensa se não apenas um prazer
porque tudo o mais foge, o vento leva
ou então e acorrentado em fotografias.