BALA PERDIDA

O que são se não são

Os sinais de minha loucura vindas do monte Sião

Amar-te gigantescamente criatura de meu fim...

E nos entremeios desta enfeitiçada paixão

Entre a serpente e a Eva do pecado original

Não engolir a maçã do meio do jardim afinal!

Que fica atravessada no meu Pomo de Adão?

Seria este Serafim a parte que me reparte do meu fim?

Adormecido como uma asa que no chão não voa

Se não pelo alento do vento que em minha pétala ressoa?

Resvala dentro de minha pessoa a outra asa perdida

Fundida noutra alma que vaga por aí à toa...

E agora me arrasto dentro dela esperando passar a hora

Que pensa voar, mas que no chão roda em círculos

Tentando chegar noutro lugar sem fim e me devora...

Mas que no fundo como uma bala perdida no além

Sempre atinge quem só lhe queria bem pelo lado de fora