Pobre de mim

Pobre diabo

Caminha debaixo do manto negro da noite sobre olhares desconfiados

Arrastado pelo seu estigma de ser de ter de ir de não e de sim, para si e não por ti.

Logo eu que tanto me amo não consigo me ver nem através de um espelho

E de fato mesmo de olhos vendados consigo enxergar esse pobre demônio através do que me enfiaram pela garganta, que não me mostra nenhuma novidade, a não ser o previsto e desejado.

Negros olhos que não são meus

Carregados, nebulados e areados como os olhos do mesmo nefasto que atravessa o nada árido vigiado pelo deus sol.

De fato queima menos que o ardor que estigma o teu ser

Pobre diabo

Evitado, temido e fomentado por aqueles que saem da conveniência coletiva que limpam os olhos e soa aos ouvidos embriagando a alma com o conforto paliativo de o seu ter para o seu ser

Pobre diabo

Não goza do meu gozo

Não fala minha fala

Nem exala o teu cheiro em meu ar

No entanto

Não consigo limpar os meus olhos, minha fala não é sonora e não plena a minha alma que tanto inocento; para condenar-te.

Pobre diabo que caminha na escuridão

Ferdinando Tropick
Enviado por Ferdinando Tropick em 14/08/2011
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