((((::::Tua nudez, inquieta-me!::::))))

Palavras que disseste como um sol que me queimava,

olhos loucos de um vento em paixão que soprava

em olhos que eram meus, e mais felizes,

palavras que dissestes, mas não mais dizes.

Palavras - segredos que eram lentas madrugadas,

promessas imperfeitas, odes murmuradas

enquanto os nossos beijos permitiam, a arte enluarada

Palavras que dizias, que traziam a calma das estrelas

à noite que assomava ao meu ouvido...

Palavras que — que são minhas, só minhas, pois persistem

na memória que arrasto pelas ruas.

Outono do amor que folhas moves na direção dos corpos separados

e molhas desses prantos ignorados de quem da primavera

conheceu o movimento destas esperas

a voz própria cansada e de vozes caladas e de folhas

ao pé da tua boca no desfalecer à pele do sorriso

Sufocando de prazer com o teu corpo com o meu tino

Trocar tudo por ti se for preciso

A tua nudez inquieta-me. Como um temporal.

Ou como palavras ainda não inventadas,

inquieta-me. Abre o meu corpo

para um lado misterioso e frágil.

Numa violência suave, um campo batido pela brisa

no mês de Janeiro quando sobem as flores

pelo ventre da terra fecundada.

Eu desgraço-me, tenho um pensamento despido;

De mão dada contigo entro por mim dentro

a encher a minha carne de transparência.

Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 13/08/2011
Reeditado em 13/08/2011
Código do texto: T3157584
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