MEU PAI (à memória de Genesio Abel dos Santos um pioneiro
A infinitude deságua
Como boqueirão no açude
Pôr-de-sol enlaçando a alma
É rotina doída na aridez do costume
O sol está com bolhas no pé
Seu Genesio não os vê
Sua vista coberta de sertões
Tão longe deixou o norte
A cegueira da fé iluminando a razão
Do Planalto Central
Erguem suas mãos alvoradas
Da Parnaíba-Carcará
Ao pé do Gavião-Cruzeiro
Humilde sertanejo
Sem desmerecer a sorte
Quase analfabeto
Vestiu a vida com o suor da luta
Companheiro diário da esperança
Teve nela guarida
Tirando em cada dia o espinho
Sentiu com justiça o perfume da vitória
Esta natureza nos mostra
Que homem valioso não tem idade
Em seu sorriso contém um olhar de outono
Como sol acalentando sua alma
Faz com que suas mãos enrugadas
Como a geografia do tempo
O faça mais forte que
Todas madrugadas juntas.