Olhos de minha alma

Esse texto conta a história de uma cega, que muitas vezes vi em um bar que eu freqüentava; Sempre sozinha, na medida em que ela ia se embriagando no arrastar das horas...

Entidades começavam a juntar-se a ela, então começavam a conversar, rir, beber, fumar, contar segredos uns pros outros...

E no final, ela muito desgastada e só, com zumbidos nos ouvidos, pagava a conta e ia embora.

Meus olhos cegos sem ver

ver cores, ver gente, vida, música.

Quando não vejo, enxergo o mundo sem cor,

sem dança, sem movimento,

sem odores.

Qual prazer me proporciona?

Tenho, devo exclamar só e triste,

sombrio destino,

embriagando-me num canto de bar.

Falo, com a convicção com que vejo,

mas vejo o quê?

As visões estão nas cinzas do pensamento

se estão, não tenho volta.

Sem olhos em minha alma

meu corpo padece.

começa a perecer

na lentidão do tempo carnal.

Olhos de vivência

rumores de compaixão.

Amores esquecidos,

talvez não mais lembrados

por olhares enterrados em meu coração.

JorgeBraga
Enviado por JorgeBraga em 12/08/2011
Código do texto: T3155421