Olhos de minha alma
Esse texto conta a história de uma cega, que muitas vezes vi em um bar que eu freqüentava; Sempre sozinha, na medida em que ela ia se embriagando no arrastar das horas...
Entidades começavam a juntar-se a ela, então começavam a conversar, rir, beber, fumar, contar segredos uns pros outros...
E no final, ela muito desgastada e só, com zumbidos nos ouvidos, pagava a conta e ia embora.
Meus olhos cegos sem ver
ver cores, ver gente, vida, música.
Quando não vejo, enxergo o mundo sem cor,
sem dança, sem movimento,
sem odores.
Qual prazer me proporciona?
Tenho, devo exclamar só e triste,
sombrio destino,
embriagando-me num canto de bar.
Falo, com a convicção com que vejo,
mas vejo o quê?
As visões estão nas cinzas do pensamento
se estão, não tenho volta.
Sem olhos em minha alma
meu corpo padece.
começa a perecer
na lentidão do tempo carnal.
Olhos de vivência
rumores de compaixão.
Amores esquecidos,
talvez não mais lembrados
por olhares enterrados em meu coração.