EPITÁFIO DE AGRADECIMENTO

Jazigo,

Jaz contigo

Não eu – te digo:

Só o casulo que me serviu de abrigo;

A armadura que usei para lutar contra o perigo;

O escafandro que me permitiu, no mar do mundo,

Sobreviver a este mergulho profundo;

O corpo denso,

Com o qual,

Ás vezes alegre às vezes tenso:

Amei, sofri,...

Chorei, sorri,...

Aprendi, vivi,...

Mas, ó Jazigo,

Sou grato a ti:

Última morada

Desse instrumento,

Que me serviu como um jumento –

Na chuva ou no relento.

Manoel de Almeida
Enviado por Manoel de Almeida em 12/08/2011
Código do texto: T3154901
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