SONHO DE TEMPLÁRIO

Minha adolescência foi repleta de sonhos de Lancelot e de Percival.

Eu seria um cavaleiro, a toda prova na luta contra o mal.

Quase louco, da Távola Redonda, procurei algum vestígio.

Na esperança de um dia cruzar com o rei Arthur,

Cultivei os nobres sentimentos de cavaleiro,

Para conseguir do rei algum prestígio.

Mas sonha-se, sonha-se, até que um dia a realidade mostra sua

carantonha.

Logo descobri, eu não morava em Avalon.

E no país da minha vida real, não basta ser bom e lutar contra o mal,

Nem ser tão autêntico convém.

Basta ser astuto e representar o papel de “homem de bem”

A nobreza e a bravura de cavaleiro ficam em plano terceiro.

Ao invés da busca pelo Santo Graal,

A luta pela sobrevivência de um simples comensal.

As damas e as donzelas que personificavam a virtude e a candura,

Dispensaram minha proteção de cavaleiro,

Para viverem suas aventuras,

E elas estão certas, conquistaram com propriedade,

Seus lugares de destaque na sociedade,

Não precisam mais de pajem para decidir suas prioridades.

Se o herói a cada obstáculo robustece a sua vontade,

Foi então que descobri: eu não era herói de verdade.

Quando a vida me exigiu prova mais rude,

Não agüentei... Não pude...

Enfraqueceram-me as virtudes,

Apequenaram-me as atitudes.

Manoel de Almeida
Enviado por Manoel de Almeida em 12/08/2011
Código do texto: T3154897
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