O PERDÃO E O AMOR

Tanto foi necessário o Perdão
que ele acabou ocupando
o espaço antes reservado
ao Amor.

Quando partiu,
o Amor levou junto com ele
a Saudade, as pantufas, as chaves da casa.
Levou teu cheiro de fêmea
e toda a mágoa mumificada
pelos inumeráveis Perdões.

Tanto quanto o espoucar
da rolha de espumante liberta
o espírito da uva,
a partida do Amor destravou
lágrimas envelhecidas pelo cárcere privado
e derramou pela sala os cacos
de poemas inacabados.

Esvaziou-se, então, o meu coração,
pois, sem Amor,
o Perdão é absolutamente
inútil.
Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 11/08/2011
Reeditado em 24/07/2014
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