Pingos de cera

O meu céu perdeu as asas, num voo ao azul do esquecimento...

e caíu, aos pedaços, em imagens que tento emoldurar na memória breve dos meus olhos.

Quem me salva da renúncia da saudade?...

e fazer-me içar agora, quem me há-de?

Já sou parte desse céu que agora parte em pedaços o viver que assim divido:

meio queda, meio pássaro, um nada meu, outro tanto

um tudo do que foi meu.

E assim me remoldo, marca indelével, na memória que sangrou todos os sonhos e me apaga a nitidez da incandescência:

o sol é o limite, o céu é breve, e a vida um instante que me derrete até à ascenção ao esquecimento.

Quem me salva da denúncia da saudade?...

e fazer-me nascer de novo, quem me há-de?...