O jardim da casa ao lado

O jardim da casa ao lado

Parece que do outro lado é sempre melhor, não é mesmo?

Até parece que o ar lá é melhor.

Até a terra tem diferença.

Lá nasce tudo o que eles querem.

Aqui nasce tudo o que eu não quero.

Esses dias eu olhei meu jardim e vi com horror a recusa de um beija-flor.

Então eu pensei: - Vai ver essa avezinha não gosta de beijar... Flores murchas.

Por gostar tanto de enfeite eu reguei até com leite pra plantinha melhorar.

Não houve reação ante a minha vocação. Vocação?

Observo a bela rosa do outro lado, cheia, aveludada.

Será que ela não sabe de nada?

Ou apenas observa minhas mancadas.

Dessa rainha eu até esqueço, pois eu sei que não te mereço em meu quintal.

Uma sementinha qualquer lutava para que?

Nascer por quê?

Que flor seria?

Ainda bem que ela não é bandida, pois escolheu um lugar para nascer escondida.

Metro e meio de muro e meio escuro.

Foi lá que tudo aconteceu, imaginem?

O vento com toda sua euforia deixava em agonia a rosa na tempestade.

Era a morte da majestade, mas antes disso houve um sumiço.

Sua semente subiu ao céu ou foi pro deserto?

Nada disso, o vôo foi curto e foi parar ali bem perto.

E naquele lugar escuro uma mistura que deu certo.

Eu canto todos os dias em verso e prosa,

Uma florzinha sem vaidades com a beleza de uma rosa.

Rubens poeta
Enviado por Rubens poeta em 11/08/2011
Código do texto: T3153593
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