O mar das ilusões
O mar das ilusões.
No suave dançar das ondas, por muito tempo aquele barco navegou.
Não era um barco qualquer, bem como, não era também, uma onda qualquer.
Era sim, a onda do momento e, por mais que se desejasse, não era possível avistar uma única gaivota. Não se via sequer o azul do infinito e parecia que nada ali era bonito.
O pescador parecia se importar mais com a imensidão de seus pensamentos e, estes, somente estes, eram iguais as ondas num constante ir e vir.
No espelho d água de um mar sereno havia veneno e até a lua era comedida ao pratear a crista da onda do momento. E o momento era ditado pela calmaria de um mar mancomunado com uma única alma que deslizava por sobre seu espelho.
Espelho este que parecia manter íntimas relações com a lua, pois somente a ela era dada a vantagem do reflexo. O barco seguia mar adentro escolhendo as ondas para quebrar.
Não havia hora para voltar e nem um porto onde atracar. Havia somente um gigantesco espelho a refletir pensamentos de um ser que, alheio a lua e ao mar considerava apenas a consistência de seu pequeno barco. A lua, traiçoeira, dizia que havia muito a navegar, enquanto que o mar mostrava-se indiferente. Como um pontinho na mente era o barco na corrente mostrando que era hora de voltar.