No silêncio da poesia
No silêncio da poesia
Rumores de uma guerra insana estampam a primeira página de um jornal.
Conflitos sem fim alimentam a terra da poesia e, heresias a parte, não era isso que esperávamos que acontecesse no outro lado do Jordão. O sol que ilumina o mundo clareia gestos imundos no exato lugar onde não se podia morrer, ou matar.
Daqui vemos o romper da corrente, um gesto hostil, o som de um fuzil que ecoa por sobre o ombro de uma criança.
A menina ensaia uma dança apoiada em uma única perna, a outra fora doada ao governo em nome de uma guerra santa.
A mulher dobra sua manta e também seus joelhos perante um poder que certamente não vem de Deus.
Uma corrida de poucos metros seria tarefa fácil para um jovem que ri e zomba, mas, a idosa que a executa só espera escapar da bomba. Barulho infernal em cada quintal, chega a tremer a tumba de um imortal.
É natal e o silêncio reina, mas, por pouco tempo. Logo trovões artificiais se farão ouvir e, novamente, Cristo será esquecido, primeiro, em sua própria terra. Depois, chegará a nossa vez de ignorá-lo também. Nós, ocidentais do mundo, mas, não menos imundo que os primitivos que o condenaram.