POLEIROS EMPOEIRADOS
Empresto-me às verdes vertigens
Suplico ao brilho de teus olhos virgens
Que experimente a paisagem do espanto
E que aceite – ao menos uma vez
a cor e a dor do encanto
Além das alegrias engaioladas
Além das nossas vidas empoleiradas
em uniões, repartições, nuvens e calçadas
Há um mundo! E o mundo passa...
Por de trás e pela frente das vidraças
Lustrosas, vistosas, reluzentes, opacas
O mundo passa, o tempo passa
Tudo passa, tudo são passos
Nessa vida, não há pior castigo
Carregar-se pela imensa estrada
Como se já houvesse morrido
Prefiro o horror e o sofrer do momento
À toda uma vida regada a morno tormento!
Poleiros, letreiros, poeira e vento...