Pensar de novo
Pensar de novo
No outro lado da consciência havia um ponto em branco. Durante anos julguei que precisava de alguma forma preenche-la para que eu pudesse sentir que o meu papel estava sendo cumprido. Eu nunca soube que estava errado, isto porque, havia pessoas que sorriam para mim e eram pessoas das quais minha consciência abonava. Como então eu poderia ao menos saber que estava numa prisão? Afinal eu também sorria e participava dos desagravos a mim mesmo. Eu falei, gritei, chamei, chorei e amei. Eu fui gritado, chamado, chorado e... Amado? Por quem? Um dia eu acordei e deixei de pensar; porque pensando eu não pensaria e tudo então estaria do mesmo jeito e no mesmo lugar. Deixei de pensar, porque depois de muitos anos, a gente nem pensa mais. Apenas, deixa a rotina se transformar numa arma que irá nos matar pelas costas, mais cedo ou mais tarde. Deixei de pensar, por isso estou aqui, vivo, contemplando a beleza que surgiu e que nada me lembra o tempo em que eu ainda pensava. Pensava no que dizer para não ter que dizer o que não havia sido pensado.