Réplicas
RÉPLICAS
Tudo aqui parece respirar ares de outrora. Pareço encenar numa ilha onde finjo ser o protagonista, quando na verdade, a cada dia que passa vou perdendo minha importância. O grande personagem não pertence a esta página visto que passei anos decorando o texto errado. Agora a página é virada e, quando me vejo em minha vida, sinto que não terei tempo para decorar o texto. Uma leve sensação de satisfação bate em minha mente ao perceber que vou comandar o leme do, já pouco frágil, barco da minha vida. O tempo urge assim como as últimas palavras que poderão não vir a tempo de se transformar num “adeus” ou dependendo do que eu tiver decorado do último texto, eu simplesmente não dizer nada. As paredes, enfim, não terão nada mais a esconder e o teto a que tudo esconde não me revelará as estrelas porque nelas não haverá a réplica de meu grito. Quem sabe eu ainda tenha tempo de contemplar o que restou de mim no grande espelho que só se quebra com ausência da lua no grande manto do oceano. Meu melhor espelho é minha própria consciência, pois, se eu tiver errado terei como castigo o fato de contemplar o mar somente de dia, deixando a noite como prêmio para àqueles que ainda vão nascer. São réplicas de vidas sempre presenteados com o mesmo texto. Portanto, não temais errar o texto e sim, errar de vida.