PAPEL CARBONO
Essa recalcitrante falta de sono
Me faz pensar em papel carbono
De como seria bom me xerocopiar
Um para dormir outro para me contemplar
E assim seguiríamos felizes em matizes
Os muitos de mim que existem aqui
Latentes em frenesi constante
A dançar entre jatos de água fria
A vadiar no porão escuro e sujo
A esmiuçar os intervalos entre si
Enquanto sonha com colibris em festim
Enquanto pensa em ser alguém que nunca vai existir
Enquanto agoniza por descobrir que é sonâmbulo
Enquanto luta para deixar de ser preâmbulo
Na narrativa que ainda nem começou a escrever.
(*)BRASIL. Antologia da Casa da Poesia (vol.2). São Paulo: Scortecci, 2016.