PAPEL CARBONO

Essa recalcitrante falta de sono

Me faz pensar em papel carbono

De como seria bom me xerocopiar

Um para dormir outro para me contemplar

E assim seguiríamos felizes em matizes

Os muitos de mim que existem aqui

Latentes em frenesi constante

A dançar entre jatos de água fria

A vadiar no porão escuro e sujo

A esmiuçar os intervalos entre si

Enquanto sonha com colibris em festim

Enquanto pensa em ser alguém que nunca vai existir

Enquanto agoniza por descobrir que é sonâmbulo

Enquanto luta para deixar de ser preâmbulo

Na narrativa que ainda nem começou a escrever.

(*)BRASIL. Antologia da Casa da Poesia (vol.2). São Paulo: Scortecci, 2016.

Zaymond Zarondy
Enviado por Zaymond Zarondy em 09/08/2011
Reeditado em 01/01/2017
Código do texto: T3148588
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