BORBOLETA

Raspa, o vento,
As frestas do Destino
E acorda no meu peito
Um inquieto desatino.
Sou apenas um momento
E não tem jeito.
Deliro.

Passa o amor
Pelas ruas desertas
À procura de um cais,
Sou horas incertas
Sem medo, sem dor.
Não espero mais.
Suspiro.

Rompe o outono.
Espalham-se as folhas
Nos vãos das calçadas.
Desconheço o abandono.
Esqueço as escolhas.
Invento rotas aladas.
Aspiro.

Penso em ti, borboleta,
No voo último da estação,
Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 09/08/2011
Reeditado em 24/07/2014
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