(((((___ESPELHOS PERDIDOS___)))))

Nascemos para amar;

E depois que a paixão na alma se apura,

Chamam-lhe alguns então de felicidade, a cura.

mais uma asa que tem sede de voar

ou apenas o tesouro sem preço

do teu tempo em qualquer lugar;

Posso dar um colar de pétalas breves

ou um farrapo de nuvem;

para adornar a falta de exatidão;

posso dar o que sou e o que sinto

sem que perguntem

nome, sexo, endereço ou ritmo;

Darei em suma, com emoção,

tudo aquilo que, em silêncio,

segreda o coração;

__ II__

Dar-te-ei a rima sem rima

de uma música só tua

a quem sofre a inquietude dos dias

juntarei o diamante da dádiva

ao húmus de uma vontade forte e antiga,

sob a forma de poesia ou de cantiga;

E então serei escrito

nas páginas do livro

tal sonho o ponteiro em atraso

e não serei cativo - preso - angustiado

tão anônimo feito o cais

pleno e livre

nada possuir - além das entranhas para não ser demais

___III___

A máxima recompensa de quem dá

é o júbilo de um gesto voluntário

o que, sendo amor, ganha voz

e se torna eterno por ser único e total.

o recalcitrar dos dias,

perseguindo-nos, impiedosos,

nos espelhos perdidos sobre a duna.

Estás em mim,

nas obscuras vogais do meu nome

sepultada rosa do desejo,

teria sido fogo, teria sido ouro

os metais incandescentes de cada dia.

Deito-me no azul e reconheço

o ardor das maçãs,

nas altas colinas dos meus anos.

o sol encerra as suas pérolas,

os rituais que previ

explodindo em sonho

Bebo, a clausura das tuas fontes, uma sede antiquíssima.

Um setembro aguçado na lembrança

no destino desviado que cego, se fecha sobre os meus lábios,

sem deixar de arder aquela tímida esperança.

Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 08/08/2011
Reeditado em 08/08/2011
Código do texto: T3147871
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