DONA’ANA.

DONA’ANA

Guel Brasil

Dona’ana negrinha miúda,

Com um coração de gigante

Que mal cabia em seu peito;

Mãe, avó, bisavó, parteira

E foi negra parideira,

Desassistida em seu leito.

Com alforria de nascença,

Pela lei do ventre livre

Maldizia a escravidão;

Era de pouca estatura

Mas de uma formosura,

Que estonteava patrão.

Negrinha de seios fartos,

Mãe de leite da senzala

Era orgulho de sinhá;

Seu leite era disputado

E até filhos bastardos,

Vinham nela se fartar.

Dos quinze filhos que teve

Pelas senzalas da vida,

Apenas um conheceu;

Os outros foram tirados

Noutras senzalas criados,

Para o desalento seu.

Foi a negra matriarca

Do quilombo Suçuarana,

Que tanto orgulho lhe deu;

Cinco gerações passaram

Doces lembranças ficaram,

Quando Dona'Ana morreu.

Guel Brasil
Enviado por Guel Brasil em 08/08/2011
Código do texto: T3147313
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