O Fim do Infinito

Um caminhar por todo o errado

claro, reluzente, esclarecedor

surge, dentre as montanhas, o nada

uma gentileza mal-vinda

como rosas sem pétalas

que cortam sua pele, e nada lhe deixam

a não ser fragmentos de espinhos

estes para sempre deixarão sua marca

como uma cicatriz, que dói no começo,

que se estabiliza, mas que sempre deixará sua marca

como uma lembrança mal lembrada.

Quando a noite não serve para nada

ódio e raiva são meu sangue

corre pelas minhas artérias, direto ao coração

minha mente encancerada

alimenta e é a energia do meu corpo

da minha cabeça aos meus pés

o que me disseste, céu?

naquela noite sem escuridão,

naquela fonte de exatidão,

onde tu descansas por exaustão.

Energia que me resta,

que me comove

e me destrói

como papel molhado,

corta-me ao meio

e joga-me ao chão

querendo que eu sobreviva

para que tudo aconteça,

uma dor indolor,

o visível mais invisível,

um recorte da ilusão.

A morte não é um caminho,

nem uma opção

é o fugir dos covardes,

a atração dos curiosos

não me curvo, pois, a esse caminho

resisto, por mais que sombrio,

limpo minha mente

e, de novo, acredito.

Sou o nada, o ninguém

sou o quase, o talvez

sou a verdade e o oculto

sou o que lhe resta, o que lhe ajuda

sou, acima de tudo,

aquilo que procura

e que, mesmo assim,

nunca vais achar.

A chuva não me molha,

o sol não me queima,

a luz não me dá coragem,

a escuridão não me amedronta,

um simples olhar não me define,

o complexo não me atrai,

a verdade me deprime,

a mentira a mim opõe-se,

não há sombra,

porque em mim não há luz

não verás meu rosto,

porque meu caminho não reluz.

Cordas de esperança são cortadas

a cada minuto que se passa

mentiras são contadas

a cada segundo que morre

a cada feixe de tempo que atrai

o céu escurece

e o amanhã o trai,

nada ocorre.

O passado representa a morte,

o presente representa a vida,

o futuro representa a verdade e a mentira,

a mentira e a verdade

e, todos, numa peça teatral

juntos, promovem o grande espetáculo

espetáculo da dúvida,

onde não há lugar,

onde não há o vulgar

há apenas o sentido

e um único caminho

que você não sabe onde dará

ou de que modo encarar.

Há em algum lugar

esperança para se procurar?

há, ainda,

verdade para se encontrar?

ou melhor,

um dia para alegrar?

Há o nada no tudo

mas não há o tudo no nada

Busco, ou não, a razão

o porque do perdão

busco o sentido de amar

ou a verdade de odiar

busco o sim e o não,

ou apenas aquilo que é a paixão

busco a procura,

a criação

busco o nada,

busco o tudo

procuro buscar algo profundo,

ou o fim da exatidão

para, no fim de tudo,

descobrir que não há o que buscar

e sim um simples luar,

um sorriso com medo de se mostrar,

o amor com medo de amar,

o calor com medo de esfriar,

dois corações com medo de parar,

vozes com medo de se calar,

e uma verdade com medo de voar.

Key
Enviado por Key em 08/08/2011
Código do texto: T3146227
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.