O SEMEADOR

Nas mãos trêmulas e já gastas pelo tempo

repousa a mais linda flor do campo.

Encontrada desvalida atirada ao relento

Tendo sob o corpo a relva como manto.

Com os olhos imersos no riacho provindo do coração,

as mãos trêmulas sensivelmente acaricia tão bela flor.

Lembra-se do tempo em que podia semear com dedicação

e à terra levar seu carinho enchendo-o de cor.

Os jardins que outrora ajudara produzir,

hoje já não mais sentem a sedução de suas mãos.

Pois o tempo voraz aos poucos só fez consumir

a vida que pulsa na alma que transmite emoção.

A flor levou para casa com cuidado e zelo profundo,

pois a sua vida comparou e a ela resolveu dar um abrigo colorido.

Num belo vaso com água a depositou ao som de música ao fundo,

assim o tempo restante lhe seria profundamente vivido.

Sensivel jardineiro de flores e amores

que passeia pelos jardins floridos.

Seu percurso foi pintar o mundo de cores,

agora podes ter o descanso merecido.

(Homenagem ao meu pai)

Lucia Liz
Enviado por Lucia Liz em 07/08/2011
Reeditado em 07/08/2011
Código do texto: T3145266