SORRISO

Dias aparece, noutros some

Gargalha sem aviso

Conversa com o vento

Nome? Zé com Fome?

Chamavam de Sorriso

Não tem documento

Calça rota de brim

Camiseta surrada

Ultraje pela rua

Vida chegando ao fim

Pedaço de nada

Verdade nua e crua

Aceitaria do Céu

Uma fatia de pão

No balcão da esquina

Da miséria um réu

Sem ter solução

Sem luz que ilumina

Sem eira, nem beira,

Não fede, nem cheira,

Não merece atenção

Se jogam trocado

Agradece calado

Um aceno de mão

Mão puxa menino

Alguém faz bico

Outro olha de lado

Sem ter destino

Que é coisa de rico

Segue parado

Dia a dia, nessa esteira

Espera o albergue

Dar a hora de abrir

Cena corriqueira

E o mundo prossegue

Vai deitar e dormir

Vida traiçoeira

Nem sei como consegue

Ainda olhar e sorrir...

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 06/08/2011
Reeditado em 06/08/2011
Código do texto: T3143974
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