TEMORES
A chuva copiosa molha a vidraça
E os meus pensamentos todos, embaça
Não sei se visto rosa, ou uma camisa de força
Se encharco com a chuva e espero que me torça
Se aguardo a minha vez ou venço a timidez
Se conto até três e deixo que me dês mais atenção...
Enfim, o jardim molhado me convida
Assim, sem querer uma despedida:
_ Deite sobre o verde de meu lençol
Cante em minhas flores como o rouxinol
À espera do sol depois da chuva.
Delicie-se com o sabor de minhas uvas
Nos arredores do sacrário matinal...
Sou estátua de sal vestida de temores
Não sei ser feliz, não canto em flores
Não gasto meu latim com falsos pudores
Só quero que a chuva passe
E não embace mais meu coração.
Irene Cristina dos Santos Costa - Nina Costa, 06/08/2011