O homem irreal
Esse homem moderno
Que vive na luz de ferro
Embarca cabos e bits
Vácuo de mundo eterno
Não tem mãe e pai
Nem fome nem terra
Tem um casa de estanque
Mais verde que amarela
O sol é de papel, a luz de cristal
O canto é verniz, sem a sombra do mal
O jorro se tornou, ato falho de flor
Em vão, ao céu da noite, um canto de horror.
Esse homem sem barro,
Plásticos sonhos em tela
Vivente em sonho cru
Morto, invísivel à janela
Criou o céu etereo
Onde a vida é esquecida
Não come nem bebe encanto
Não aceita uma partida
Esqueceu-se da floresta
Do escuro que segura
O ponto que apoia a vida:
A fundo, tristeza revestida
Quer a apenas a estética
Fabricada em tiragens
De mentiras solidárias
campo fácil de imagens
A vida encapsulou em cinza livros horror
Agora vê de longe, o paraíso em torpor
Uma saudade lhe corroi, não sabe o que é
Palavras encobrem muito, mas não sara sua dor