O QUANTO POUCO CUSTA UM GRANDE AMOR
quase nada, .
o suficiente: carteiras sem fotos!
pra começar,
há de se ter uma certeza absoluta, uma certeza de fato,
de que este sentido amor
não corra risco
[algum]
de prumo
nos alicerces
de quem casa, quer casa ou casará...
quase nada,
o suficiente: um zero no quociente!
pra dele bem cuidar,
necessário lembrá-lo sem esquecê-lo por um só minuto,
da primeira à penúltima data
[feriado ou não]
dos dias
sem hora estipulada
para que o tempo não o marque idade...
quase nada,
o suficiente: narizes e bocas em par!
pra quando neles tocar
a consciência da alma, numa troca de anéis de solenidade,
a calma volte ao corpo do porto do Cais da Paz
[entre bóias e câmaras de ar]
depois
de de perto em perto atracarmo-nos
sem lenços, sem memórias, sem chapéus...
quase nada,
o suficiente: só uma univitelibilidade!
pra que nada soe estranho
na fala de sopro que tira um colar perdido do teu pescoço,
com a boca mordida, em pé, ao teu pé-de-ouvido
[suada, em saliva]
exausta
de murmúrios e juras altas
a confessar amor num só gesto de língua...
quase nada,
o suficiente: evidentemente, olhares!
pra saber se se amanhã
[se houver amanhã, após tamanho achado em intensidade]
tua menstruação chegará impar pós meios-silêncios
de birras em cima de birras
[mal digeridas]
dum olho triste, doutro avermelhado,
óculos maiores que a cara
a dilatar bocas sem mais selos de correios... .
quase nada,
o suficiente: botas na terra, sandálias pro ar!
pra vermos como é bom trocar de pés
[calçados ou descalços]
para cada passo – reto ou torto – com ou sem topadas,
[dedão à frente]
deixássemos para que os solados,
sem número,
descubram a medida certa do pé da paixão...
quase nada.
o suficiente: sem idas, pressas ou voltas.
pra que me devolvam as flores
[a muito custo]
colhidas em vida nos túmulos de Ella,de Bellie e de Sarah
que sentem falta
[jazz]
das tuas batatinhas fritas com teu arroz carreteiro,
bem preparadinhos,
à espera da minha volta famintíssima
certo de que um grande amor não traz um escorpião no bolso.